
A desigualdade racial também é um fator determinante: enquanto 41% dos brancos foram classificados como alfabetizados consolidados.
O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) revelou que 29% dos brasileiros de 15 a 64 anos são analfabetos funcionais. O índice é o mesmo registrado em 2018 e mostra que, apesar de avanços parciais, o país ainda enfrenta grandes limitações na garantia do direito à alfabetização.
Perfil do analfabetismo
O problema é mais comum entre pessoas acima dos 40 anos e chega a afetar mais da metade da população com 50 anos ou mais. A desigualdade racial também é um fator determinante: enquanto 41% dos brancos foram classificados como alfabetizados consolidados, os índices são menores entre pretos e pardos (31%) e ainda mais críticos entre indígenas e amarelos (19%).
Desigualdade histórica
Para a educadora Anna Helena Altenfelder, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), os números refletem um processo de exclusão que atravessa séculos. “Nos primórdios do Brasil, os analfabetos eram os negros, as indígenas, as mulheres. Pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever, e este privilégio era resguardado aos homens brancos”, explica.
Segundo ela, essa lógica se mantém:
“Quem são as crianças que não se alfabetizam? São as mais pobres, negras, indígenas, quilombolas, com deficiência, de áreas rurais ou da periferia dos grandes centros urbanos.”
Desafio para o futuro
A especialista defende que o país precisa investir em políticas públicas que assegurem a alfabetização de todos: “Só assim será possível inibir a produção contínua de exclusão que afeta uma parcela significativa da população”, destaca.