
As redes públicas que sustentam essas criptomoedas são projetadas para registrar todas as transações de forma sequencial, imutável e permanentemente acessível.
O recente ataque hacker à infraestrutura operacional do Banco Central, com movimentações indevidas em contas de reserva bancária ligadas ao sistema PIX, reacendeu o debate sobre o uso de ativos virtuais por grupos criminosos. Após o desvio de valores, os responsáveis tentaram converter os valores em ativos digitais. A ação, no entanto, evidenciou um ponto técnico crucial: ao contrário do que se imagina, a tecnologia blockchain — a base dessas transações — é altamente rastreável e não garante anonimato absoluto de seus usuários.
As redes públicas que sustentam essas criptomoedas são projetadas para registrar todas as transações de forma sequencial, imutável e permanentemente acessível. Esse modelo de cadeia de blocos (blockchain), aliado a ferramentas especializadas de análise forense e exploração de blocos, permite mapear toda a trajetória dos ativos digitais: da origem ao destino final. Em outras palavras, a estrutura da tecnologia blockchain permite que autoridades e especialistas acompanhem os fluxos financeiros com alto grau de precisão, desmistificando uma das críticas aos ativos digitais.
“Apesar da característica pseudônima dessas redes — em que os endereços não exibem diretamente os nomes dos usuários —, a identidade é preservada sem impedir o rastreamento das operações em operações policiais ou demandas judiciais. Ou seja, não se trata de um anonimato completo e irrestrito, mas de um resguardo de identidade que não impede o seu rastreamento se houver essa necessidade, como é o caso desse ataque ao Banco Central”, explica o advogado e especialista em tecnologia blockchain e ativos virtuais Pedro Torres.