
“Sou mulher, sou negra e não está distante de mim o preconceito.
Com o empenho em se desprender dos preconceitos, seja dos estilos musicais, seja por ser mulher e negra, a cantora Dammys Monteiro da banda “De Mainha” está há quase dois anos à frente dos vocais do grupo baiano, com canções que reforçam o poder feminino e misturam o sertanejo com o forró estilizado. Em entrevista ao Bahia Notícias, a vocalista contou que tem buscado referências musicais diversas, de Milionário e José Rico a Marília Mendonça.
“Nós cantamos o sertanejo de raiz com referências do forró da Bahia, para fazer o sertanejo estilizado”, explicou. Dammys não é apegada às nomenclaturas dos estilos em que transita, mas diz que gosta “de música boa”. Ela defende que há espaço para tudo que é feito com qualidade, no São João, e que cabem vários estilos desde que surjam do desejo do público.
A atual música de trabalho “De Mainha” é “Amor Roxo”, umas das 10 canções autorais do CD ao vivo. Segundo a cantora, durante a seleção do repertório a preocupação é trazer letras que não rebaixem a imagem da mulher, diante de uma sociedade cheia de preconceitos. A cantora, neste ponto, destacou um equívoco relacionado ao empoderamento: “As pessoas confundem muito e acham que a mulher pra ser poderosa tem que ser gostosa”. “Sou mulher, sou negra e não está distante de mim o preconceito. Mulher pra ser poderosa precisa ser bonita por dentro e por fora.
O empoderamento feminino é muito bom, mas não adianta ter uma capa bonita e por dentro ser ruim”, criticou a artista, referindo-se ao fato de resumirem a mulher a um corpo. “O que deixa a mulher poderosa é o conhecimento. Sou negra, de favela, de uma comunidade pobre de Camaçari. Hoje o que me torna diferente, o que me coloca em destaque não é a beleza, é o conhecimento, a educação”, afirmou Dammys ao usar como exemplo de poder feminino a sua vó. “Uma sertaneja semianalfabeta, grande em caráter e poderosa. Criou seis filhos e os netos… Tudo que tenho eu devo a ela”.