De frente com a jornalista e apresentadora paulista Marília Gabriela, 67 anos, o ator baiano Lázaro Ramos, 37, inverte os papéis. Com a câmera na mão, apontada para ela, Lázaro provoca um bate-papo descontraído, que passeia por temas diversos e até polêmicos. Questões enfrentadas pelas mulheres e a “caretice” do Brasil são apenas alguns.
Tudo isso vai ao ar amanhã, às 21h30, no Canal Brasil, quando Lázaro estreia a 11ª temporada do seu programa Espelho. O rapper Emicida, a cineasta Anna Muylaert e os atores Selton Mello e Bruno Mazzeo estão entre os próximos convidados da série, que ganha novos diretores: Renato de Paula e Elísio Lopes Jr.
Protagonista de Mr. Brau, que tem nova temporada prevista para abril; em cartaz no teatro como o ativista americano Martin Luther King (1929- 1968); e prestes a estrear no filme Mundo Cão, dia 17, Lázaro bate um papo franco com o CORREIO. Entre os temas, estão a volta do Espelho, de Mr. Brau, seu primeiro “vilão” no cinema e a negritude, além da necessidade de revisão do Oscar e de uma cartilha de boa conduta na internet. Confira.
Como foi conversar com Marília Gabriela, uma figura tão forte como entrevistadora e que agora está no papel inverso?
Desde que comecei a fazer entrevista, sempre achei que devia convidar algum grande entrevistador, que eu admirasse. Convidamos ela quatro vezes, mas sempre estava entrevistando e não podia. Esse ano foi bom, acho que eu estava mais confortável no papel de entrevistador e ela está num momento muito bom, falando de sentimentos, morte, família. Marília simboliza um jeito de entrevista, descontraído, que gostaria para o Espelho. Não tem programas que fazem uma pré-entrevista com o convidado, antes de ir ao ar? Decidi que o Espelho será a pré-entrevista: o que parece erro, não é erro. Tem que ser exibido. Cada vez mais próximo do espectador.
Existe um movimento de encaretar a sociedade, sim, mas por outro lado, hoje em dia as ideias podem ser difundidas através de outros meios. Estou falando, especificamente, da internet. Isso faz com que todas as vozes sejam ampliadas, desde as mais caretas às menos… Não sei o que acontece que, depois de vários avanços em prol da diversidade, existe outro movimento que quer manter as coisas no lugar. Isso me preocupa.(CORREIO)