“Levei esse assunto para o meu Carnaval deste ano, e acredito que estamos num momento de mudança. E gosto de provocar reflexões no meu público. Para Alinne, atingir sucesso no meio nunca esteve ligado ao seu gênero e sim ao seu trabalho. “Acho que não tem a ver isso.
Creio que ser mulher independente gera algumas desconfianças e surpresas também. Saí de casa muito jovem, tive muitos obstáculos, e isso acabou me fazendo mais forte para construir uma carreira sólida e madura”, confessa. Mari também não acredita que o fato de ser mulher a ajudou a ter mais espaço na música. “O que me ajuda é minha vontade, o foco e perseverança”, afirma.
Preconceito e situações de assédio não faltaram no caminho das duas artistas. Antes de conquistar seus espaços na música baiana, elas revelaram que tiveram de superar julgamentos e abordagens desrespeitosas. “Não digo preconceito, mas muita gente achou que uma menina de 16 anos, recém-chegada numa cidade grande, não fosse capaz de ir tão longe. Mas isso nunca me preocupou”, conta Alinne ao lembrar da época que deixou Itabuna, no sul da Bahia, para realizar seu sonho na capital.
Mari Antunes acredita que o fato de ter surgido em um cenário com artistas consolidadas ajudou com as desconfianças. “Não me lembro de uma situação de preconceito específica, mas assédio acontece, porque é natural. Eu trabalho numa área que tem um posicionamento forte de mulher. Como eu vim depois de muitas outras referências não enfrentei muito preconceito, acho até que foi mais fácil por ter nomes como Daniela Mercury e Ivete Sangalo”, avalia.
Falar do corpo em detrimento ao trabalho é um ponto que divide opinião das cantoras. A líder do Babado defende que a exposição não deve ser desassociada da sua conduta no palco. “Não me incomoda. Essa busca pelo bem-estar do corpo é algo e que se vende muito no mercado, é natural. Mas acho que sempre falar do meu corpo tem que associar minha música”, justifica.
Alinne, no entanto, tem uma posição mais radical e lembra que tratou do tema na folia deste ano, quando questionou as críticas sobre figurino sensual com a expressão “meu corpo, minhas regras”.
“Levei esse assunto para o meu Carnaval deste ano, e acredito que estamos num momento de mudança. E gosto de provocar reflexões no meu público. O corpo é meu e eu escolho o que faço com ele, não é verdade? E independente de um corpo, eu Alinne Rosa, sou mulher, cantora, compositora, tenho mais de dez anos de carreira e batalho muito, como tantas e tantas mulheres. Há um corpo bonito, mas também muita história para contar”, defende.