Em nome da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator do colegiado, enviou uma carta aos jogadores da seleção brasileira. No texto, ele lista uma série de motivos que classificariam a realização do campeonato no Brasil como “um mau exemplo” diante da “iminência de uma terceira onda da pandemia” no país.
“Esta reflexão, sugerida pela equipe técnica da CPI da Covid-19 no Senado Federal, é endereçada à Comissão Técnica da Seleção Brasileira e aos nossos craques, ídolos e atletas. Nosso modesto propósito é informar, alicerçados em argumentos estritamente técnicos, sem qualquer viés político”, começa Renan, no texto divulgado pela coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
O primeiro motivo que ele elenca é o ainda baixo número de brasileiros vacinados. Segundo os números apresentados pelo senador, só 10,77% da população foi imunizada contra a Covid-19 até a última sexta-feira (4).
“Isso coloca o país na posição de número 64 no ranking mundial de vacinação adotando-se o critério percentual da população imunizada/100 mil habitantes. O Brasil não oferece segurança sanitária de acordo com dados objetivos para a realização de um torneio internacional dessa magnitude no país. Além de transmitir a falsa sensação de segurança e normalidade, oposta à realidade que os brasileiros vivem, teria o efeito reprovável de estimular aglomerações e transmitir um péssimo exemplo”, destaca o parlamentar.
Na sequência, ele pontua o número de vítimas da Covid-19: mais de 470 mil mortos, com média diária de quase dois mil óbitos por Covid-19. “Isso significa que a cada partida de futebol da Copa América, de 90 minutos, mais de 120 brasileiros estariam morrendo ao mesmo tempo. Futebol é uma das maiores expressões da alegria. Há alegria em uma situação como essa?”, indaga Renan.
Com esses números, ele pedem que a seleção pense na “preparação técnica de todos” e nos protocolos impostos para as competições em comparação com os protocolos internacionais de combate à pandemia. O senador encerra mensagem dizendo que a não realização do evento “não é um ato político”, mas sim “um gesto de respeito à vida de milhões de famílias enlutadas pela morte e por cicatrizes incuráveis”.
De acordo com o Globo Esporte, em meio à repercussão do tema, os jogadores preparam um manifesto para explicitar a posição deles. Na sexta (4), o portal publicou que o atacante Neymar tentou promover um boicote à competição, com apoio de atletas de outros países, mas a situação ainda não avançou. Os jogadores querem evitar a politização da decisão, mas ficaram incomodados com a forma como a situação foi conduzida pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo.